Formação dos profissionais da saúde e fluxo de atendimento foram os principais temas deste segundo encontro
O Comitê Estratégico para Diagnóstico Precoce do Câncer Infantil em Pernambuco esteve reunido, nesta quarta-feira (26/06), para mais uma etapa de debates sobre a estratégia de enfrentamento ao câncer infantojuvenil no estado.
O encontro, realizado em Recife e articulado pelo Instituto Desiderata, teve como pautas prioritárias a proposta do curso de formação para diagnóstico precoce do câncer infantil voltado aos profissionais da atenção básica e das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), a construção do fluxo de atendimento às crianças e adolescentes com suspeita de câncer e a estratégia de comunicação para facilitar e agilizar as trocas entre os integrantes do Comitê.
“Acho importante que tenhamos esse espaço de escuta, onde os membros se sentem confortáveis em compartilhar suas opiniões. Surgiram muitos bons pontos e, cada vez mais, com esses diferentes atores trabalhando juntos, construímos uma estratégia que tem a cara de Pernambuco, factível de ser implementada, reconhecida e reconhecível como sendo do estado, o que é fundamental para a sua sustentabilidade e efetividade. É um Comitê muito alinhado, em termos de visão e missão, que deliberou os pontos de pauta sempre por consenso”, avaliou Patrícia Logetto, representante do St Jude Children’s Research Hospital no Brasil.
Lançado em outubro de 2023, o Comitê Estratégico conta com representantes do Instituto Desiderata, do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), do St Jude Children’s Research Hospital, da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), de profissionais de saúde dos hospitais de referência em oncologia de Pernambuco, das secretarias de Saúde do estado e do município de Recife, e de outras organizações da sociedade civil.
Formação de profissionais: uma estratégia fundamental
Um dos principais momentos da reunião do Comitê foi a apresentação da proposta de formação de profissionais da Atenção Primária à Saúde e das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), construída a partir dos diálogos do Grupo de Trabalho de Educação da Estratégia de Diagnóstico Precoce do Câncer Infantil em Pernambuco. O foco é, no primeiro momento, capacitar 588 profissionais de saúde da Gerência Regional de Saúde 1 (GERES I), escolhida como ponto de partida para a criação de um fluxo de atendimento padronizado, por concentrar 19 municípios e também a maior parte dos serviços especializados em câncer infantojuvenil de Pernambuco.
A ementa do curso deve contemplar conteúdos como epidemiologia do câncer em crianças e adolescentes; sinais, sintomas e o diagnóstico precoce do câncer; Política Estadual de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente com Câncer; e Rede de Atenção à Saúde e fluxos de encaminhamento. A oferta das vagas e o período de realização da formação serão acordados em parceria com as secretarias de Saúde do Estado e dos municípios envolvidos.
“É muito importante que tenhamos em mente que o tratamento do câncer passa por diversas etapas e, sem dúvida, uma das principais é o diagnóstico. Nacionalmente, os registros indicam que as crianças fazem várias consultas antes de chegarem em um centro especializado. Em geral, os cânceres que acontecem em crianças se multiplicam muito rápido, mas têm altas taxas de cura. Nesse contexto, esse tipo de estratégia é de fundamental importância, porque objetiva estruturar um programa que associa capacitação, ou seja, pessoas que podem pensar que aquela criança pode ter um diagnóstico de câncer, e integração da rede de atenção de forma mais racional possível, para que as crianças que foram suspeitadas tenham acesso a um diagnóstico o mais rápido possível num centro de tratamento”, explicou o oncologista pediátrico Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica.
Estabelecendo o fluxo de atenção a crianças e adolescentes com câncer
A agenda da equipe do Instituto Desiderata e de outros membros do Comitê Estratégico para Diagnóstico Precoce do Câncer Infantil em Pernambuco não se encerrou na segunda reunião dos integrantes. Ainda como parte da construção do fluxo de atendimento, foi realizado um encontro de trabalho com a equipe de pesquisadores responsáveis pelo levantamento de informações sobre o percurso das crianças e adolescentes com câncer no sistema de saúde de Pernambuco, além de uma reunião com gestores da Secretaria Estadual de Saúde para dialogar sobre as etapas de encaminhamento e atenção dos casos de câncer infantojuvenil.
“Nós tivemos agendas importantes na Estratégia de Pernambuco. No primeiro dia, a reunião do Comitê com diversos atores e, no segundo dia, uma reunião com gestores da Secretaria Estadual de Saúde sobre o desafio de desenhar o fluxo de atendimento às crianças e adolescentes, para que tudo que está sendo pensado, desde o nome da iniciativa à estratégia de capacitação, possa convergir para que a criança ou adolescente, ao ter a detecção precoce do câncer, possa chegar ao serviço adequado no menor tempo possível”, destacou Ana Morato, diretora Programática do Instituto Desiderata.
Avanços da estratégia de Pernambuco
Desde o ano passado, a Estratégia para Diagnóstico Precoce do Câncer Infantil em Pernambuco já realizou 36 reuniões de articulação e consolidou o Comitê Estratégico para Diagnóstico Precoce do Câncer Infantil em Pernambuco, formalizado por duas portarias publicadas no Diário Oficial do Estado de Pernambuco.
O Comitê subsidia a Secretaria Estadual de Saúde na Política de Assistência à Saúde das crianças e adolescentes com suspeita de câncer. A instância é composta por 29 membros, representantes de 14 instituições: Ministério da Saúde; Instituto Materno Infantil de Pernambuco; Hospital de Câncer de Pernambuco; Hospital Universitário Oswaldo Cruz; Hospital Dom Tomás; Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco; Secretaria Municipal de Saúde de Recife; OPAS/BRASIL; OPAS/GICC; ST Jude Children’s Research Hospital; Instituto Desiderata; Núcleo de Apoio à Criança com Câncer (NACC); Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer (GAC- PE); e Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE).
Além dos integrantes do Comitê, a Estratégia para Diagnóstico Precoce do Câncer Infantil em Pernambuco conta com uma equipe local, formada por uma analista de saúde e consultoras de monitoramento e educação, dedicadas a avançar nos diferentes eixos da iniciativa.
“A Estratégia em Pernambuco, assim como a do Rio de Janeiro, destaca como é importante integrar a atenção primária e a atenção especializada para o cuidado da criança com câncer. Ou seja, pensa desde como é possível detectar precocemente o câncer, como capacitar os profissionais para ter um olhar atento a sinais e sintomas, que muitas vezes passam despercebidos. O objetivo é que a gente possa, com o desenvolvimento do projeto, pensar possibilidades de adaptação da estratégia para outros estados, de modo que possamos melhorar a assistência à criança e aumentar as chances de cura”, afirmou Aline Leal, assessora técnica da CGCAN do Ministério da Saúde.
Veja abaixo outros momentos da reunião do Comitê Estratégico para Diagnóstico Precoce do Câncer Infantil em Pernambuco.