Como manter o câncer infantojuvenil em pauta durante a pandemia?

Reunião online do comitê estratégico do Unidos pela Cura discutiu os principais desafios do diagnóstico precoce e possíveis ações conjuntas

Em sua primeira reunião do ano, o comitê estratégico do Unidos pela Cura se reuniu virtualmente nesta quarta, dia 22, para discutir os impactos da pandemia da Covid-19 sobre o diagnóstico e o tratamento do câncer infantojuvenil no Rio de Janeiro. Participaram representantes da Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, da Fundação do Câncer, do INCA, do IPPMG, do HEMORIO, do Hospital Municipal Jesus e do HFSE.

A pandemia do novo coronavírus trouxe para esses hospitais, referências no tratamento do câncer infantojuvenil no Rio de Janeiro, desafios que foram da falta de EPIs à necessidade de reorganizar seus serviços para garantir a continuidade do acompanhamento dos casos mesmo à distância. O INCA disponibilizou uma médica para realizar acompanhamento telefônico constante com os pacientes e intensificou a atuação na prevenção de abandono do tratamento, por exemplo. 

A Atenção Primária à Saúde também enfrentou muitos desafios e durante os últimos meses. Principalmente em abril e maio, teve grande dificuldade para dar continuidade ao cuidado no território. Houve redução dos atendimentos de rotina, sobretudo da pediatria, nesse período. Essa dificuldade se reflete nos dados de abril e maio do Unidos pela Cura, que apontam uma redução de 49% dos encaminhamentos de suspeitas de câncer. 

“Um dos maiores desafios é, sem dúvida, fazer com que os casos suspeitos continuem sendo identificados pela atenção básica e encaminhados a esses hospitais, o que tem sido mais difícil durante a pandemia, pois muita gente deixou de procurar os postos de saúde para evitar a contaminação”, destaca a diretora executiva do Instituto Desiderata, Roberta Costa Marques. 

Para os próximos meses, entre os principais desafios estão ampliar e melhorar a comunicação com as equipes de saúde nos diferentes níveis de atenção, expandindo-a, para além da Atenção Básica, para UPAs e outros atores que possam reforçar o olhar sobre os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil. A capacitação à distância e o desenvolvimento de um aplicativo fazem parte das inovações que tiveram seu desenvolvimento acelerado pelo atual contexto.

Após 15 anos de atuação, o Unidos pela Cura se firma como uma estratégia efetiva para aumentar as chances de cura do câncer em crianças e adolescentes, com a promoção do diagnóstico precoce. Nos últimos anos, o tempo de agendamento de uma consulta em um dos hospitais de referência foi reduzido de 60 dias para 72 horas, 4.090 profissionais foram capacitados e mais de 1.846 casos encaminhados. Agora, o comitê se prepara para repensar estratégias para aprimorar as ações para os próximos anos, levando em consideração também os desafios impostos pela pandemia.